Jandyra Adami: Centenário de nascimento de Raymundo Gomes Parreiras

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Centenário de nascimento de Raymundo Gomes Parreiras – 25/04/191 – 25/04/2015

Com grande emoção, aqui estou para escrever sobre o centenário de nascimento de Raymundo Gomes Parreiras, funcionário mais do que exemplar da Delegacia de Arrecadação, depois, Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil.

Parreiras, como era chamado, atendia todos colegas com a mesma delicadeza, com a mesma alegria no rosto, era, na verdade, UM MURO PARA  LAMENTAÇÕES.

Felizes os funcionários que tiveram a oportunidade de trabalhar com ele, mais o José Teixeira (Superintendente), Lilo Vieira Santos (Chefe do SRC); Mário Santos, Benedito Onofre Amaral (o B.O.A.) (Delegado da Receita) Sr Ary, que foi Superintendente cujo sobrenome me fugiu agora, Romualdo Grossi (também Delegado) uma turma excelente que, infelizmente não está mais conosco. Todos eram meus amigos e tinha entrada franca em seus gabinetes.

Em 1992 lancei meu 3º livro, onde fiz uma homenagem ao RGP (Cadeira Vazia). Estas iniciais foram citadas no livro de meu filho, quando, em exercício escolar, aos nove anos, ele teve que falar de alguma pessoa que lhe causasse admiração, que tivesse alguma qualidade que a distinguisse das demais. E a professora  conluia: “tente descrever essa pessoa da forma como você a sente.”  E Júnior escreveu: “Meu amigo” (fl 35 doseu livro, editado em 1980).

Falou tudo que sentia, com a pureza da criança que gosta, que tem afeto sincero e ama. Esse amigo continuou  por anos e anos sendo uma pessoa especial para nós. Júnior, sempre que chegava à casa dele, ia correndo para cadeira de balanço e lá ficava,sonhando, pra lá e pra cá, num vai vem gostoso que só aquela cadeira poderia proporcionar. E assim foi na infância e mocidade.

Os anos se passaram e, após rápida moléstia, nosso amigo partiu, deixando viúva sua querida Dora. Para ele escrevi esta crônica, em homenagem, mais amigo do que chefe.

                                                                                  CADEIRA VAZIA

E, aquela cadeira de balanço está vazia.!!! Seu dono partiu sem avisar, sem dar tempo de nos despedirmos dele.

Foi num domingo a noite, quando todos se divertiam. Na segunda feira cedinho, a notícia tomou conta da cidade.

Todos os colegas e amigos, abalados, não acreditavam. Parreiras era como se fosse ” mãe da gente” e nossa mãe nunca morre. Não aceitamos a idéia…Mas ele partiu e levou consigo um pedacinho  de nossos corações.

Deixou uma saudade infinita, que transcende o tempo e o espaço. Jamais será esquecido.

O céu estava limpo e azul. Estava em festa para recebê-lo. Mais uma alma boa, mais um anjo que chegava.

Do lado de cá os amigos choravam, um adeus sofrido, amargurado, com lágrimas escorrendo pela face.

Homens e mulheres, crianças e jovens, numa demonstração de carinho, lá foram, ao PARQUE DA COLINA se despedir do “velho capitão”, do amigo de todas as horas, que lá estava como se estivesse dormindo em seu esquife coberto de flores.

Dormia o sono dos justos. Ninguém foi mais justo que ele. Ninguém foi mais amigo e fraterno.

Ex- Expedicionário  da F.E.B. , seus colegas foram, em comissão,  colocar a Bandeira Nacional sobre seu corpo. Uma beleza de homenagem àquele que foi um exemplar funcionário da Delegacia da Receita Federal, ocupando cargos dos mais altos, mas nunca demonstrando que era tão importante.

Sua mesa vivia rodeada de colegas que iam pedir um conselho, um dinheiro emprestado, uma palavra amiga.

Era aquele amigo das horas difíceis, das horas alegres, enfim, aquele em quem podíamos confiar.

O sorriso nunca saiu de seus lábios…Nunca ficou doente. Não se queixava. Era um homem perfeito.

E sua esposa Dora, igualmente boa, consentia em repartir  com os amigos a atenção e o tempo de seu querido “DICO”.

Falar sobre RAYMUNDO GOMES PARREIRAS  é um misto de alegria e tristeza. Alegria, pela facilidade em enumerar suas qualidades e contar do nosso convìvio: tristeza por ser difícil pensar que jamais o veremos,jamais teremos aquele papo agradável ao telefone, aquela presença nas doenças e nos aniversários. A visita no Natal, a vida no dia a dia.

Estamos todos sofrendo, mesmo com a certeza de que Jesus o chamou para perto de Si, não nos conformamos com a sua partida.

Esperamos que Ele nos dê o conforto necessário para superar a crise. É difícil  acreditar que o Parreiras se foi.

É inaceitável ficar sem a sua presença marcante…

Nossos corações estarão sempre cheios de saudade…

E a cadeira continuará vazia, naquele canto da sala…Vazia e triste.

Quem poderá entender a alma das coisas?

-X-

Partiu em 02-10-88 e dentre seus pertences, um terno novinho ficou no armário.

-” É para formatura do Juninho” dizia carinhosamente ( a formatura de meu filho foi em 02-12-88-2 meses depois).

Um ano e três meses depois, sua companheira partia e deixava em nós, além do vazio, a tristeza de nunca mais podermos visitá-la, telefonar, falar de nossa saudade…

Ele morreu do coração e ela… ela morreu de amor e de saudade…


Autora: Jandyra Adami

Enviado por: Jandyra Adami
Belo Horizonte/MG

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